O debate sobre o Plano e Orçamento para 2026 terminou, mas o saldo que fica é preocupante. O documento que deveria constituir bússola para o destino da Região no próximo ano revela-se, afinal, um mapa incompleto, cheio de atalhos e sem destino claro. O Governo insiste em apresentar números como prova de compromisso – números esses que, por si só, não contam histórias de progresso, contam apenas despesa. 

Ao longo das intervenções ficou evidente que este Orçamento falha em responder às necessidades reais da população. A Educação, que deveria constituir alicerce de qualquer sociedade, surge fragilizada, com cortes que comprometem escolas, docentes e alunos, sobrando-nos escolas degradadas, jovens desmotivados e um sistema cada vez mais desigual entre ilhas. 

Numa altura em que os Açores enfrentam fenómenos extremos cada vez mais frequentes, o Ambiente vê o investimento encolher, relegando-se a crise climática a uma nota de rodapé, numa retórica que apregoa “resiliência”, contrariando a práctica que traduz desinvestimento verde. A Proteção Civil continua a ser tratada com desinvestimento, sem meios nem estratégia, e o bem-estar animal permanece ignorado, reduzido a promessas sem suporte financeiro. 

Desenha-se, então, um padrão em que áreas estruturais são sacrificadas em nome da gestão imediata, onde o Governo beneficia a aparência à substância e a propaganda à execução. Apregoa futuro, mas age como quem apenas sobrevive ao presente, num Orçamento que não projecta visão e apenas administra dependências. 

Mais grave ainda é a ausência de respostas para problemas estruturais como a sustentabilidade da Saúde, a situação da SATA e a dependência crónica de apoios externos, resultando num orçamento de fachada, que privilegia o visível — obras, anúncios, manchetes — e sacrifica o essencial: políticas públicas que melhorem a vida da população.  

Porquanto, o voto contra do PAN/Açores não se limitou a um mero gesto político. Foi uma afirmação de que os Açores merecem mais do que um plano de sobrevivência – merecem um Orçamento que responda às pessoas, que valorize a educação, que enfrente a crise climática, que dignifique os bombeiros e que reconheça o bem-estar animal enquanto parte intrínseca da saúde pública e responsabilidade colectiva. 

Quando se falha em cuidar das pessoas, dos animais e da natureza, bases para um planeta sustentável, falha-se na essência da governação.