Alterações ClimáticasAmbienteEducaçãoLisboa

Ecopontos… vá lá!?

Existem hoje mais de 41 mil ecopontos espalhados pelo país cujas regras de utilização são muitas vezes desconhecidas. Poucos são os que leem a sinalética colada em cada ecoponto. Não insista. O/a leitor/a lê? Vá lá!

Deixe-me presumir que mais de 90% dos cidadãos/cidadãs desconhece que não deve atolar o papelão com papel cozinha, lenços ou mesmo guardanapos sujos, que o vidrão não serve para se descartar de frascos de perfume, copos, espelhos ou algo mais que foi alvo de alguma contrariedade momentânea e, pasme-se, que o embalão não é o local apropriado para se desfazer de baldes inúteis, cabides, canetas, talheres de plástico e de uma série de outros objetos metálicos, como tachos e panelas ou ferramentas.

E todo este colóquio para, em suma, o questionar: se os ecopontos são tão limitados, onde vamos nós deixar os tachos e panelas, DVD’s e CD’s, brinquedos, garrafões de combustível, papel autocolante e plastificado, tintas, esfregões, panos e uma infinidade de outros objetos que não quer a morar consigo?

Até 2020, a União Europeia quer que os seus cidadãos/cidadãs reciclem 50% do lixo que produzem todos os anos, percentagem que deverá subir para 65% em 2030, quando hoje, apenas 16,5% dos resíduos produzidos em Portugal são reciclados através dos ecopontos.

São necessárias colossais e constantes campanhas formativas e informativas associadas a condutas premiadas por quem recicla de forma correta, em simultâneo com uma maior responsabilização por parte das entidades que produzem embalagens (=lixo), muitas delas desnecessárias ou maiores para o conteúdo que as merece.

Na Suécia, por exemplo, são oferecidos vales de compras a quem deposita o lixo nos ecopontos que estão nos supermercados. Boa prática. E por cá? As autarquias e os sistemas municipais, enquanto entidades responsáveis pela gestão e cuidado da cidade, deveriam promover boas práticas, espelhando o exemplo da Suécia ou atribuindo outras mercês, encorajando, assim, os/as mais resistentes à reciclagem e evitando que aqueles/as que já a adotaram continuem a contribuir para o transbordar dos ecopontos com lixo que não lhes pertence.

No dia internacional da reciclagem comemorado no pretérito 16 de maio, a QUERCUS apelou aos candidatos europeus para que incluíssem nos seus programas eleitorais uma medida de preocupação com a reciclagem. Ainda a QUERCUS lançou este ano a wasteapp (https://www.wasteapp.pt/home) aplicação gratuita que permite esclarecer dúvidas sobre o destino final de produtos e objetos indesejáveis.

E é a wasteapp que responde à questão que atrás lhe coloquei: existe uma panóplia de soluções ao seu dispor que passam pela doação, venda ou reutilização, contribuindo para a diminuição da sua pegada individual que, em média, equivale a 1,32kg/lixo/dia.

E, já agora, aproveito para o alertar que todo o lixo que não tem lugar nos ecopontos deve ser entregue nas entidades referidas na wasteapp ou, em última instância, depositado no lixo dito normal/orgânico. Mas, e acima de tudo, adote diariamente um comportamento que lhe permita reduzir a quantidade de lixo que produz, pois é esta a melhor alternativa para si e para todos/as nós.

Reduzir, Reutilizar e Reciclar não lhe custa nada. Vá lá!