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OE 2021 | PAN quer exclusão da carne de touros de lide como Denominação de Origem Protegida

Touro

O Grupo Parlamentar do PAN – Pessoas-Animais-Natureza pretende que a carne de touro bravo ou de lide seja desclassificada como Denominação de Origem Protegida (DOP). A proposta, apresentada em sede de especialidade do Orçamento do Estado (OE) para 2021, tem por base não só o argumento da constante violação do bem-estar destes animais, mas igualmente questões que se prendem com a segurança alimentar e o direito dos consumidores à informação rigorosa sobre os bens que consomem. 

A maioria dos portugueses desconhece não só a realidade por detrás dos ‘espetáculos’ tauromáquicos e na violência aplicada aos animais, numa clara violação às regras europeias em matéria de bem-estar animal, como, sobretudo, não tem conhecimento de que os animais utilizados nas touradas podem entrar na nossa cadeia alimentar através de alimentos processados e com o rótulo de DOP”, afirma a líder parlamentar e deputada do PAN, Inês de Sousa Real. Acontece que, denuncia, “esta permissividade põe em causa a saúde pública, já que os animais usados nas touradas acabam por ser transportados para o matadouro com feridas profundas, infeções, febres e outro tipo de sintomas, resultantes das agressões de que foram vítimas nas praças de touros, sem que exista qualquer controle sanitário”. Em face da ausência de controlo, nem sequer há um conhecimento em relação aos medicamentos que são administrados a estes animais, antes e depois das corridas, ou na desinfeção das bandarilhas que são usadas durante a lide.

Com vista a pôr fim à classificação da carne de raça brava como DOP, reconhecida em 2007 pelo Estado Português, o Grupo Parlamentar do PAN deu assim entrada de uma proposta de alteração ao OE para 2021 no sentido de ser corrigida aquilo que considera ser “uma grave situação”. “Esperamos que o Governo, ciente da gravidade deste problema nomeadamente para a saúde pública, anule esta regalia incompreensível de que beneficiam os ganadeiros de touros de raça brava ou de lide”, sustenta Inês de Sousa Real. 

O partido critica ainda o facto de esta classificação ter por único objetivo tornar o negócio tauromáquico mais rentável, permitindo aos criadores de touros de lide aumentar as receitas com a comercialização da carne dos animais utilizados nos espetáculos tauromáquicos, nos treinos e nas “tentas”, i.e. nas ‘provas de bravura’ realizadas com extrema crueldade com recurso a ‘picadores’ e forma totalmente ilegal nas suas herdades privadas, situação que é escondida dos consumidores.

É importante lembrar que os bovinos de raça brava, ao contrário do que é geralmente dito na praça pública, não são criados num ambiente saudável e de respeito pelo bem-estar animal. É já tempo de pormos fim a todas as regalias de que beneficia a atividade tauromáquica, que mais não é do que um dos maiores símbolos do atraso civilizacional em matéria de respeito pelo bem-estar animal contra o qual vimos lutando”, sublinha a líder parlamentar do PAN. A Na verdade, logo nos primeiros tempos de vida, os animais são sujeitos à “ferra” (marcação do número, ano de nascimento e logotipo da ganadaria com recurso a um ferro em brasa que é queimado no costado dos bezerros). Além disso, muitos são ainda, entre outras atrocidades, utilizados nos treinos de cavaleiros, “matadores”, bandarilheiros e forcados, sendo cravadas bandarilhas nos pequenos bezerros e novilhos, ao arrepio da legislação existente e sem qualquer controlo ou fiscalização.