A Representação Parlamentar do PAN/Açores entregou hoje à Mesa da Assembleia Legislativa Regional uma iniciativa que propõe a reconversão dos veículos de tracção animal, com especial atenção às charretes utilizadas em actividades recreativas, turísticas e laborais.
A proposta do partido surge da crescente preocupação com as condições adversas a que os animais estão expostos durante o exercício desta actividade, sujeitos a um elevado esforço físico muitas vezes excessivo, resultante do peso dos veículos e dos seus ocupantes, da irregularidade das vias e da exposição prolongada a temperaturas elevadas – factores que comprometem gravemente o bem-estar físico e psicológico dos animais, que foram, inclusive, alvo de diversas denuncias que chegaram ao partido por parte de cidadãos residentes e até visitantes.
A par disso, Pedro Neves afirma que estes animais se encontram mais vulneráveis a acidentes, lesões e a diversos tipos de sofrimento, evidenciando a necessidade de uma reavaliação ética e normativa sobre o seu recurso na utilização em veículos de tracção.
O partido sublinha que, no caso particular das charretes turísticas, que, inclusive, circulam pelas ruas da baixa da cidade de Ponta Delgada, é comum observar os animais sujeitos a longas horas de trabalho sob o sol intenso, sem períodos de descanso adequados, o que pode levar à desidratação e a sérios impactos no seu bem-estar – uma realidade que colide com os valores de uma sociedade que se pretende evoluída, empática e consciente.
A reconversão é uma oportunidade de trabalho e aumento da produtividade e rendimento económico do detentor, salvaguardando o bem-estar animal. Pois, com exceção das atividades lúdicas e turísticas, os veículos de tração animal resultam de falta de alternativas do detentor, fruto da vulnerabilidade social e económica.
Devem promover-se alternativas que assegurem o bem-estar animal, sobretudo quando não existe a necessidade da utilização de animais para cumprir funções que não são naturais e que a evolução tecnológica tornou obsoletas, sem esquecer que a reconversão proporciona ao trabalhador melhores condições de trabalho e de vida.
“É fundamental promover a reconversão desta actividade, não apenas por razões de empatia e respeito pelos preceitos de bem-estar animal, mas também por questões de segurança rodoviária e protecção social e económica. A proposta pretende abrir caminho a prácticas mais éticas e sustentáveis, alinhadas com os valores de uma comunidade que valoriza a dignidade de todos os seres vivos”.