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PAN/Açores rejeita solução governativa com o partido Chega

O PAN/Açores garantiu hoje que não irá alinhar em qualquer solução governativa que inclua um acordo com partido Chega. Em conferência de imprensa esta manhã, Pedro Neves, o deputado do PAN/Açores eleito para a Assembleia Regional, traçou a linha vermelha do partido na viabilização de uma solução governativa para a região, depois de 10 dias em conversações com vários partidos.

“Nos últimos 10 dias, o nome do PAN/Açores tem estado na ordem do dia, pelo peso que o nosso partido tem para dar ou tirar força aos vários cenários de governação que estão em cima da mesa. E nos últimos 10 dias, o PAN/Açores sentou-se nessa mesma mesa de conversação e negociação, sem filtros e sem rodeios, ouvindo as várias forças políticas e contrapondo com visões claras, linhas vermelhas e objecções contundentes a qualquer tipo de aliciamento político moldado por qualquer tipo de interesse pessoal. O nosso objetivo é e sempre será o de garantir a estabilidade da soberania açoriana, proteger os nossos cidadãos e acordar do estado letárgico a forma de fazer política na região. O PAN/Açores não tem nem terá pruridos em negociar seja à esquerda, seja à direita. Não nos revemos neste enquadramento partidário dicotómico desactualizado que, do produtivismo ao extrativismo, tem vindo a delapidar os nossos recursos no arquipélago, desinvestindo na educação, na literacia e na estabilidade social dos açorianos. Assentamos sim a nossa filosofia e o consequente modo de acção em três pilares fundamentais: as causas humanitárias, ambientalistas e de protecção animal”, garantiu o Porta-voz regional.

Enquanto partido de diálogo, pontes e consensos, o PAN/Açores está empenhado em estabelecer compromissos com todos os partidos claramente democráticos, através de negociações políticas sérias e transparentes, negociações com sentido de responsabilidade perante os Açores, açorianas e açorianos, residentes e seu eleitorado e base de apoio, especialmente neste contexto sócio-económico conturbado e incerto, sendo necessário garantir a estabilidade das estruturas imprescindíveis que servem a comunidade da Região.

Contudo, como o Pedro Neves voltou a enfatizar, “o PAN nunca alinhará em visões extremadas ou afastadas da promoção dos direitos sociais e humanos quando em causa estão os princípios políticos e morais norteadores, plasmados nos seus estatutos e missão. Para o PAN, o futuro do arquipélago não é compatível com políticas xenófobas, racistas, sexistas, capacitistas, homofóbicas ou transfóbicas e que impeçam a liberdade de expressão, a liberdade religiosa ou que vedem o acesso condigno a bens e serviços da comunidade açoriana”.

O partido não irá viabilizar por isso Governos com o encosto de um partido que entende que a solução passa por colocar de lado as duras conquistas pela igualdade perante a lei. Um Governo que, de acordo com Pedro Neves, “pedirá sempre como troca 2 votos e meio do Chega, dois nos Açores e meio da República, e pela ingerência dos interesses continentais na soberania açoriana, uma intromissão centrada em ter palco para o seu ego e no crescimento individualista, sem respeito nenhum pela autonomia açoriana e que empurra para o centro do discurso de ódio as minorias mais fragilizadas, alimentando-se do medo das pessoas e promovendo a ideologia da discriminação. Mesmo com o risco de o PAN perder o seu mandato com eleições antecipadas, a toda a solução com o partido Chega, o PAN diz não”.

Perante a situação actual, o PAN não irá alimentar guerras políticas que em nada servem neste momento os interesses da Região, como eleições imediatas, porque não garantem minimamente uma melhor ou diferente solução parlamentar, nem a queda de sucessivos governos, cenário que deixaria o arquipélago em gestão corrente durante largos meses. 

Respeitando o programa que o partido apresentou às açorianas e açorianos nestas eleições, e pelo qual foi eleito, o PAN não alinhará com um Governo que não reforce o número de profissionais de saúde no arquipélago, que não implemente medidas para terminar com a precariedade dos professores, que não proteja ou valorize os comerciantes e profissionais da área do turismo que tão fragilizados saíram com esta crise ou que não se digne a estabelecer a Carreira do Bombeiro Profissional. O PAN não alinhará, também, com um Governo que não repense a sua posição sobre a mineração do mar profundo, que não termine com o abate de animais de companhia ou que continue a subsidiar centralmente a tauromaquia com dinheiros públicos.