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Este é o prato do dia: Animais criados e transportados em sofrimento.

Este é o prato do dia

Todos sentem, todos têm emoções, todos brincam, todos dão amor mas…nem todos o recebem. Reside aqui a grande diferença entre os animais considerados de companhia e todos os outros que são considerados de pecuária.

Como tudo começa

Muitos leitões são arrancados às mães aos 2 meses. Se nascem fêmeas, têm o mesmo destino das mães: toda uma vida a serem inseminadas à força e, consequentemente, a reproduzirem-se. Quando não servem mais para esse efeito, têm o mesmo destino de leitões machos: abate!

Dos ovos, se nascem pintos machos são abatidos de imediato, por trituração ainda vivos, se nascem fêmeas são alimentadas para a engorda até ao final do primeiro mês de vida quando já estão prontas para abate.

Desde a sua criação já com um destino bem traçado, o transporte em condições miseráveis e o seu abate não menos cruel, até chegarem ao prato da maioria da população, a vida destes animais é toda ela um verdadeiro inferno envolto em sofrimento. 

No matadouro

Em Portugal, depois do transporte, onde os animais são encaminhados para os camiões à força, se necessário com extrema violência envolvida, empurrados totalmente para o desconhecido, chega o momento de entrarem para a última morada ainda com vida. Ouvem-se berros de terror por parte dos animais que a única coisa que desejam, assim como o ser humano caso se encontrasse em situação idêntica, é fugir. Mas não conseguem.

Em todo o mundo, são abatidos 70 mil milhões de animais para consumo. Em Portugal, são mais de 250 milhões de animais.

Quando vão para fora: o Transporte de Animais Vivos

Em 2019, saíram de Portugal 316 000 animais (83 000 em 2015). Em 2020, saíram de Portugal 53 navios.

Todas as semanas, com origem aqui no nosso país, partem milhares de animais vivos que, por via marítima, são enviados para o estrangeiro. Obrigados a entrar à força nos navios, são pontapeados, arrastados, empurrados para, por vezes durante semanas, em alto mar, permanecerem amontoados em cima um dos outros, sem acesso a comida e a água, com ferimentos que não são tratados e, caso não cheguem ao destino vivos, acabam atirados borda forma no meio do oceano ou mesmo à chegada. Os que chegam vivos, são abatidos à mercê das regras (ou falta delas) dos países de destino. 

E os exemplos, infelizmente, não nos faltam.

No início deste mês, e após 13 dias a bordo, ativistas em Israel consideram o desembarque de 15 mil animais – vacas e ovelhas – como o “mais sangrento de sempre”. O cenário era dantesco: espezinhados, cobertos de excrementos e sangue , que escorria entre pisos, e visivelmente doentes e desidratados. 

Em outubro, a PATAV revelava imagens do interior dos navios recolhidas durante o ano 2019, nas quais são evidentes os maus-tratos e o stress a que estes animais são sujeitos. As imagens falam por si [Atenção: imagens bastante sensíveis].

Em junho de 2020, um bovino que se encontraria a bordo de uma embarcação junto ao Porto de Setúbal para ser transportado, caiu ao rio Sado e conseguiu ser resgatado com vida, ao contrário de outros casos que ali têm ocorrido.

Não esquecemos também os casos dentro do nosso próprio país. Em janeiro, nos Açores, animais vivos foram mais uma vez transportados sem quaisquer condições mínimas entre duas ilhas: animais amarrados aos contentores, impedidos de aceder aos bebedouros e comedouros; contentores sobrelotados e sem qualquer tratador a bordo para satisfazer as suas necessidades básicas durante a viagem. Situação que se repete várias e várias vezes.

E a realidade de trabalhadoras e trabalhadores

Para trabalhadores e trabalhadoras, toda esta indústria tem também grandes impactos sobretudo ao nível da saúde mental, com elevados picos de stress diários. Ana, engenheira zootécnica, trabalhou durante 2 anos numa suinicultura intensiva com centenas de porcas reprodutoras: “Chorei muitas vezes. Chorava quando estava a trabalhar. No último ano, chorava todos os dias de trabalho.”

É urgente não só cumprir as regras atualmente estabelecidas, com a devida fiscalização tantas vezes inexistentes, e garantir regras mais apertadas, seja nas indústrias pecuárias, no transporte de animais vivos ou no próprio abate! Estes animais não são mercadoria. Seja qual for o seu fim, o mínimo de bem-estar tem de estar garantido. Este não pode continuar a ser o prato de cada dia!