Dia 18 de julho assinala-se um ano após a tragédia dos incêndios de Santo Tirso – um ano durante o qual, dia após dia, as imagens, os sons e os cheiros continuam a habitar na memória de todos e todas as que lá estiveram naquele fatídico fim-de-semana, perante a total passividade de quem podia ter feito diferente e evitado a morte de muitos animais, mas não fez.
A partir das 16h, junta a tua voz à nossa. Numa ação adaptada ao que os tempos atuais exigem, com transmissão online nas nossas redes sociais, vamos exigir justiça por aqueles animais, vamos exigir que as responsabilidades sejam apuradas, vamos exigir que nem mais um animal volte a passar por uma tragédia idêntica. Vamos exigir mudanças políticas estruturais pela garantia dos direitos e da proteção animal.
Se foste uma das pessoas presente naquela fatídica noite, teremos microfone aberto para dares o teu testemunho, mediante inscrição (limitada).
A realidade dos abrigos ilegais de Santo Tirso há anos que já era conhecida. Em 2017, um grupo de cidadãos e cidadãs juntou-se para apresentar formalmente uma denúncia sobre os maus-tratos e a negligência que diariamente sabiam existir dentro daquelas vedações. Mas para o Ministério Público, tudo aquilo era aceitável. O caso viria a ser mesmo arquivado em 2018.
Na madrugada de 18 de julho de 2020 a realidade destes animais mudou. Mas pelas piores razões: os trágicos incêndios de Santo Tirso que ceifaram a vida a dezenas deles. A mobilização popular naquele fim de semana para tentar salvar aquelas vidas foi incrível. Mas incrível e incompreensível foi também a forma como estas pessoas foram desde logo barradas na sua ação de cidadania, tanto pelas proprietárias do espaço como pelas autoridades. Os serviços municipais contribuíram igualmente para todo o pesadelo que ali decorreu.
O PAN, presente durante todo o fim de semana no local, mesmo com todas as barreiras que reiteradamente continuavam a erguer-se, atuou de imediato com os meios de que dispunha, solicitando a emissão urgente de mandado judicial para acesso aos abrigos e apreensão dos animais e apresentando queixa-crime ao Ministério Público por crime contra animais de companhia – no âmbito da qual apenas em junho de 2021 foram ouvidas as primeiras testemunhas.
O cenário que ali presenciamos, jamais sairá das nossas memórias. Jamais nos conformaremos com a passividade que serviu de pano de fundo a todo aquele terror, a todas aquelas mortes envoltas em sofrimento e agonia. Foram 73. 73 animais aos quais a nossa entrada no abrigo no dia seguinte já de nada serviu. 73 vidas que se tivessem uma certidão de óbito, estariam carimbadas com “passividade”!
As palavras do Presidente da Câmara de Santo Tirso falam por si. Palavras que quem lá esteve nunca poderá proferir.
“Não tem de haver culpados no incêndio que matou cães em Santo Tirso.” A afirmação que marcou a audição à Secretária de Estado da Administração Interna, requerida pelo PAN, sobre a atuação da GNR e da Proteção Civil.
Os culpados existem, SIM! Não, não foi feito tudo o que era possível naquela noite. Quem esteve lá, sabe-o. E é por isso que o PAN jamais baixará os braços, até que todas as responsabilidades sejam apuradas e assumidas – seja junto do poder local e central, seja junto das autoridades, seja junto das proprietárias, que ao que sabemos ainda nem foram constituídas arguidas..
O que se passou há um ano não se pode repetir. O que se passou há um ano tem de servir de exemplo para a evolução que se quer no âmbito dos direitos e da proteção dos animais. A morte daqueles animais tem de ser, finalmente, o mote para as mudanças políticas estruturais que o PAN há tanto tem vindo a exigir – planos da Proteção Civil adaptados para estes casos, criação de equipas de resgate animal, formação adequada a quem atua no terreno – e para as quais tanta tem sido a resistência do Governo e de outras forças políticas. Infelizmente, ainda somos o único partido verdadeiramente animalista.