Outubro retrata um movimento global que ergue a bandeira da prevenção do cancro da mama, emergindo como um apelo urgente à consciência coletiva e invocando à ação, educação e empatia perante esta doença, enquanto problema de saúde pública.
Anualmente, nos Açores, são diagnosticados cerca de 120 novos casos de cancro da mama em mulheres, assumindo-se como o tipo de cancro mais comum, com considerável expressão na Região, exigindo, por isso, a adopção premente de medidas concretas de prevenção e mitigação desta doença.
Pese embora grande parte das campanhas se concentrem na sensibilização das mulheres, o cancro da mama não é uma enfermidade restrita ao universo feminino, afectando também os homens, ainda que com uma frequência significativamente menor, com uma taxa de incidência de aproximadamente 1%, um dado que sublinha a importância de adoptarmos uma abordagem inclusiva e abrangente na prevenção e tratamento desta doença.
Neste “mês rosa” a prevenção é a palavra de ordem: quer estejamos a falar de cancro ou de saúde feminina, que, infelizmente, permanece ainda envolta em estigmas agarrados a concepções culturais arcaicas, que apenas contribuem para perpetuar a desinformação e prejudicar a saúde das mulheres, em particular, no que concerne ao acesso a produtos de higiene íntima. Neste sentido, tem sido nosso desígnio desafiar estigmas e tabus enraizados, através da promoção de uma abordagem holística e progressista na dignificação da saúde das mulheres.
Nos Açores, o PAN tem liderado esforços significativos para ampliar o acesso a cuidados de saúde feminina, plasmados na aprovação de medidas como a distribuição gratuita de copos e cuecas menstruais via SRS, enquanto mecanismo de combate à pobreza menstrual, fruto de constrangimentos financeiros ou sociais – uma medida que visa também quebrar o silêncio em torno da menstruação, promovendo uma visão mais positiva e informada sobre a higiene feminina.
Ademais, a aprovação do reforço de medidas para irradicação do Vírus do Papiloma Humano na população feminina, através de uma maior cobertura de vacinação e melhor eficácia no seu rastreio, constitui um passo crucial na prevenção de doenças como o cancro do colo do útero, contribuindo para a redução da incidência e mortalidade por via desta doença.
Nesta narrativa importa também referir os reiterados alertas do PAN/Açores ao Governo Regional no que respeita aos sucessivos entraves verificados na realização da interrupção voluntária da gravidez na Região, constituindo uma violação do direito à saúde das mulheres açorianas, sem prejuízo de acentuar a realização de procedimentos clandestinos que colocam a saúde feminina em risco.
Neste mês em que a esperança é rosa e a solidariedade impera, reforçamos a importância da aposta em campanhas de sensibilização, bem como no acesso a serviços de saúde de qualidade, acompanhados de uma eficiente rede de suporte psicológico para pacientes e familiares durante todo o processo de tratamento.