O objetivo final do PAN, que o Governo ainda não acompanhou na totalidade, é ter pelo menos um psicólogo por cada agrupamento de centros de saúde e, em paralelo, capacitar com mais psicólogos o conjunto dos agrupamentos escolares, de forma a garantir um acompanhamento mais precoce da população com necessidades de acompanhamento na área da saúde mental. Segundo as contas da Ordem dos Psicólogos, a contratação de cerca de 400 psicólogos para o Serviço Nacional de Saúde custaria 24 milhões, mas pouparia ao Estado 123 milhões de euros em medicamentos comparticipados, internamentos hospitalares e baixas médicas.
Atualmente existem no Serviço Nacional de Saúde 553 psicólogos. Este número de psicólogos não é suficiente, representando 1 profissional para cada 16.638 habitantes, quando, através de um cálculo moderado, deveria haver pelo menos 1 psicólogo por cada 5.000 habitantes, existindo territórios, onde não existe sequer 1 psicólogo.
Das 10 doenças que mais contribuem para incapacidade de trabalho, cinco são de foro psiquiátrico, com destaque para a depressão, os problemas ligados ao álcool, as perturbações esquizofrénicas, as doenças bipolares e as demências, refere o documento “Saúde mental em números -2013”, que compila dados sobre as principais perturbações mentais entre 2007 e 2011. Em Portugal, o consumo de antidepressivos é mais elevado do que a média da União Europeia, quer para tratar a depressão (55% em Portugal e 51% na UE), quer as perturbações de ansiedade (47% e 41%, respetivamente).
As mulheres portuguesas apresentam o valor mais alto de uso de ansiolíticos e antidepressivos na Europa, sendo que os homens ocupam o segundo lugar. A depressão é o terceiro problema de saúde mais frequente nas consultas dos Cuidados de Saúde Primários, correspondendo a 7,6% do total de doentes atendidos. Portugal é também um dos países onde a depressão assume maior gravidade e em que o intervalo de tempo entre o aparecimento dos sintomas e o início do tratamento é mais elevado: apenas 37% das pessoas com depressão teve uma consulta médica no primeiro ano da doença.
É inegável que o SNS sofre de insuficiências graves no que diz respeito à acessibilidade, equidade e qualidade dos cuidados de Saúde Mental. Apenas uma pequena parte das pessoas com problemas de Saúde Psicológica têm acesso a estes serviços. De acordo com os dados mais recentes, quase 65% das pessoas com uma perturbação mental não teve qualquer tratamento.