“Em Portugal é mais fácil fechar uma discoteca do que retirar a licença a um poluidor. Este é um crime ambiental cuja repercussão tem um grande impacto na população e que consubstancia uma ofensa à integridade física das pessoas representando um sério risco para a saúde pública”, avança André Silva.
A situação de poluição do Rio Tejo na zona de Vila Velha de Rodão é conhecida desde 2009, ano em que se fizeram as primeiras denúncias por alegadamente se verificarem descargas ilegais no rio por parte de algumas indústrias que operam nas imediações. Desde 2015 houve novamente um reforço das denúncias, foram organizadas manifestações pela defesa do Tejo, foi entregue uma petição na assembleia da república, o atual Ministro do Ambiente esteve no local em 30 de Agosto, tendo afirmado que a situação iria mudar.
No entanto, em Novembro de 2017 a situação piorou drasticamente. Em 13 de Outubro houve uma ou várias descargas que provocaram a morte direta de milhares de peixes entre Vila Vela de Ródão e a barragem do Fratel. Já desde há algum tempo que, consequência da referida poluição, o Rio tem sofrido um processo de eutrofização, o que coloca em causa a qualidade da água a sobrevivência das espécies piscícolas, compromete a fauna e a flora circundantes, as atividades de lazer e a qualidade dos produtos agrícolas sujeitos à rega desta água poluída.
Para além disso, não se compreende como perante todo este cenário, foi possibilitado à empresa Celtejo o aumento da sua produção a níveis para os quais não tinha capacidade de tratamento, antes de ter concluído a construção de uma nova Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais, a qual alegadamente resolveria o problema.
Segundo o já referido movimento, “foram efetuadas análises no rio Tejo junto à barragem do Fratel e à barragem do Cabril no rio Zêzere constatando-se que os níveis de oxigénio na água à superfície (oxigénio dissolvido) no rio Tejo na barragem do Fratel eram 100 vezes inferiores aos níveis medidos no rio Zêzere em Cabril. O oxigénio era tão baixo no rio Tejo que os peixes ou aprendem a respirar fora de água ou morrem. Esta é a realidade deste rio.”
“Estamos perante uma verdadeira catástrofe ambiental que tem ocorrido com a conivência dos vários Ministros do Ambiente, já que desde 2009 nunca houve uma atuação concreta e decisiva que impedisse as descargas sucessivas naquele que é o principal Rio da Península Ibérica, fundamental para a manutenção dos ecossistemas, abeberamento dos animais, utilização na agricultura, etc”, defende André Silva, Porta-voz e Deputado do PAN.