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Recomendação do PAN por uma abordagem biopsicossocial no consumo de substâncias ilícitas no Porto colhe unanimidade

Recomendação do PAN por uma abordagem biopsicossocial no consumo de substâncias ilícitas no Porto colhe unanimidade

Na Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal do Porto de 17 de junho, convocada para a análise do relatório final da Comissão de Acompanhamento da Toxicodependência (criada em 2016, à qual o PAN se juntou após a sua eleição para a Assembleia Municipal em 2017), o PAN – Pessoas-Animais-Natureza apresentou a recomendação “Uma abordagem biopsicossocial no consumo de substâncias psicoativas ilícitas”, conseguindo uma aprovação unânime.

Considerando que:

– Na Europa, já há 33 anos que existem instalações de consumo protegido de substâncias ilícitas , onde podem ser consumidas sobre a supervisão de profissionais; 
– As salas de consumo protegido têm como objectivo principal a redução dos riscos destas substâncias, tais como: transmissão de doenças devido a práticas de injecção anti-higiénicas, prevenir as mortes por overdose de droga e pôr em contacto os utilizadores com serviços sociais e de saúde. Estas salas têm também potencial para preservar os utilizadores de conflitos sociais, pois contam com um local seguro e não exposto para o uso de drogas.
– No estudo encomendado pela Câmara Municipal do Porto, e realizado pelo Instituto de Saúde Pública do Porto, as entrevistas em profundidade aos utilizadores e ex-utilizadores corroboram as opiniões positivas à criação de salas de consumo protegido. Também a população em geral mostrou um parecer favorável ao estabelecimento destes dispositivos;
– A proposta das ONG que actuam nesta matéria que se organizaram num consórcio;
– Em sede de comissão, foi possível perceber que para complementar o trabalho das equipas de rua dos diferentes territórios há a necessidade da disponibilização de espaços de consumo seguros, assépticos e acolhedores bem como o alcance de uma população oculta que ainda não acede aos serviços de Redução de Riscos e Minimização de Danos (RRMD) disponíveis;
– Estes espaços servirão como uma resposta complementar e de reforço aos serviços já existentes e para serem eficientes devem ter por base um modelo biopsicossocial;
– O executivo anunciou que concorda em avançar com o apoio ao consumo protegido na cidade e que irá apresentar uma estratégia para estratégia municipal para as dependências;

Assim, o Grupo Municipal do PAN propôs que a Assembleia Municipal do Porto recomendasse à Câmara Municipal do Porto o seguinte:

  • dar conhecimento às pessoas do Porto dos trabalhos realizados em sede de assembleia municipal sobre esta temática e as conclusões retiradas;
  • numa perspetiva gradual, assumir que o projeto-piloto das salas de consumo protegido só poderá estar concluído quando todo o território do Porto tiver resposta;
  • assumir um modelo biopsicossocial no funcionamento das salas de consumo protegido;
  • unir esforços com a ARS Norte para junto do SICAD e Ministério da Saúde garantir a abertura e funcionamento e sustentabilidade destes espaços no Porto, com a maior brevidade possível dada a situação de emergência social que se vive em alguns territórios da cidade;
  • incluir a comunidade envolvente (uniões de freguesia, moradores, associações locais, comércio, serviços, profissionais, famílias, utilizadores e forças de autoridade) na construção, acompanhamento e monitorização das respostas de consumo protegido;
  • envolver as Organizações Não Governamentais que atuam nesta matéria, mantendo-as informadas e consultando-as;

Mais ainda propôs que a Assembleia Municipal do Porto recomendasse ao Ministério da Saúde que a intervenção, em matéria de dependências, caminhe no sentido da dignificação da intervenção em redução de riscos e minimização de danos, nomeadamente no que ao financiamento diz respeito, construindo uma resposta e serviço consistente no tempo e com financiamento adequado às reais necessidades destas populações e ainda que se possam melhorar as boas práticas, nomeadamente no que diz respeito à Educação de Pares, à distribuição gratuita de material para consumo fumado e complementar o kit troca de seringas.

Bebiana Cunha, deputada municipal pelo PAN no Porto,referiu que “ontem o Porto deu um passo civilizacional em matéria de dependências e espero que, face a esta deliberação unânime, a Câmara Municipal do Porto possa liderar este processo com a ARS Norte junto do SICAD e do Ministério da Saúde, assegurando o envolvimento de toda a comunidade e um modelo humanista neste processo”