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Uma mão assina, outra rasga

Uma vez chumbada a versão inicial do Orçamento Regional para 2024, a Região tem ao seu dispor apenas duas visões de futuro: a apresentação e discussão de uma segunda versão do documento ou a dissolução da Assembleia Regional.  

Se se pode atribuir responsabilidades ao chumbo deste Orçamento, tais devem recair sobre os partidos políticos com os quais o Governo firmou acordos de incidência parlamentar no passado: Chega e Iniciativa Liberal. Foram estes os dois partidos determinantes para a validação e constituição do 13º Governo dos Açores e a quem cabia a responsabilidade de um voto a favor do Orçamento. O PAN, enquanto oposição, não tem o dever de validar um documento que não serve a Região nas suas lacunas e dificuldades, nem somos um substituto dos adversários com benefícios, como a Iniciativa Liberal, que pôs de pé este Governo e que agora, sem integridade nem honra, quer sair de fininho e cara lavada em ano de eleições, achando que a estratégia político-partidária é, à partida, mais importante do que a vida dos açorianos. Aliás, a fragilidade deste Governo foi antecipada pelo Presidente da República que, antevendo este saco de gatos, exigiu uma vinculação escrita destes mesmos acordos, para que não ocorresse o mesmo que aconteceu com a Geringonça na República.  

O PAN nunca formou Governo, nem tão pouco firmou acordos de incidência. Não somos um partido tapa-buracos e estou certo de que o nosso eleitorado não ambicione que tal papel seja assumido por nós. Assumimos o papel da oposição, mas com coerência, responsabilidade política e foi com base nessa premissa que votámos a favor o penúltimo Orçamento, por forma a trazer estabilidade e segurança aos açorianos e em prol da situação económica da Região, assolada por uma pandemia. Não foi, certamente, para segurar este Governo. Esta é a nossa postura dentro da realidade açoriana e lamentamos aqueles que à partida julgam que somos desprovidos de uma análise crítica, honesta e objectiva e que daremos luz verde a tudo o que nos for apresentado por este ou qualquer outro Governo. 

Que fique claro, não aceitamos a permuta que o IL quis passar para o PAN ficar ao lado do Chega e do Deputado Independente (ex-Chega). Perderíamos a integridade como políticos e como partido se o fizéssemos. 

O PAN é um partido disruptivo, que luta pelos interesses das pessoas sem menosprezar matérias que muitas vezes não são tidas em consideração pelos tradicionais partidos que há muito decidem o rumo da nossa Região. Os políticos não são todos iguais. Há quem tenha integridade e quem dela careça.