EleiçõesLegislativas 2019

“Foi o PAN que conseguiu impor o campo ambiental como um campo político autónomo”

Debate entre André Silva e Catarina Martins na SIC Notícias

No debate entre André Silva e Catarina Martins, foram várias as convergências entre os partidos, contudo, as visões de como devemos agir em sociedade são bem diferentes. Para André Silva, e sobre a EDP, a sociedade portuguesa tem que agir e não pedir “por favor ao estado chinês para ter cuidado com o clima.” Alertou para o facto, que que as grandes barragens defendidas pelo Executivo, como pelo PSD e CDS, “não passam de negócios em que a EDP emprestou dinheiro ao Estado”. A diferença far-se-á por outras medidas do programa do PAN como a “democratização da produção de energia”. “É preciso deixarmos que o controlo da produção e da distribuição seja feita através do monopólio que hoje em dia temos. É possível legislarmos no sentido de as pessoas produzirem a sua própria energia e distribuí-la, cedê-la e vendê-la. Isto é fundamental ao nível da factura energética para os consumidores.”


“Somos contra o modelo económico vigente de produtivismo e extrativismo e somos contra a mercantilização dos recursos e dos trabalhadores” – André Silva

Apesar das pequenas convergências há muito que nos separa. No bem-estar animal não há assim tantas concordâncias quando o BE apoia a suinicultura, a indústria do leite e reprova o diploma do PAN sobre a vigilância nos matadouros, que advém de uma necessidade para uma maior protecção dos animais de pecuária em Portugal.


© Sara Matos/Global Imagens  

Na área ambiental, André Silva destacou que “foi o PAN que conseguiu impor o campo ambiental como um campo político autónomo”. Só em 2015, com a entrada do PAN na Assembleia da República é que se verificou uma alteração no discurso e nas prioridades dos partidos, com uma maior relevância no ambiente e em problemas fracturantes nunca antes inseridos no campo político.

André Silva defendeu que “não precisamos de grandes barragens para combater as alterações climáticas.” Afirmou que o Plano Nacional de Barragens “não passam mais do que negócios em que a EDP emprestou dinheiro ao Estado. Estamos a tamponar os últimos rios selvagens para produção de energia. Há estudos feitos em que, com menos de metade do que investimos no Plano Nacional de Barragens, conseguíamos duplicar a potência de produção das barragens existentes.” André Silva criticou também a “transformação do Alentejo num imenso olival intensivo” devido a uma política completamente desajustada por parte do Governo, que apenas contribui para a desertificação dos solos e para aumentar o grave problema da escassez de água em Portugal.


“Se fizermos uma agricultura e uma floresta regenerativa conseguimos captar água no solo.”

Catarina Martins criticou o PAN, dizendo que o partido ” compreende a solidariedade no que respeita ao ecossistema, não compreenda depois a solidariedade necessária para o que é fundamental numa democracia: um Estado Social forte”. Essa afirmação não corresponde à verdade e revela falta de conhecimento do que é proposto pelo PAN para o Estado Social, explanado no programa do partido, que destaca a Habitação digna e acessível, direitos laborais e como o PAN pretende combater a precariedade e o reforço robusto tão necessário no Serviço Nacional de Saúde.

No fim do debate André Silva afirmou que “o principal erro de António Costa é a falta de visão pela preservação dos ecossistemas e a dissonância completa entre a narrativa e a prática” na medida em que, por exemplo “alguém que não trava as estufas na Costa Vicentina ou o olival intensivo, no fundo, comete o grande erro politico que se chama hipotecar as gerações futuras” 

Catarina Martins finalizou confessando que André Silva merece admiração por tudo o que conseguiu conquistar com o partido até agora.