Nas últimas décadas o conceito de Inteligência Emocional tem vindo cada vez mais a ser valorizado e reconhecido como uma peça fundamental para o sucesso.
Os estudos e investigações nesta área mostram que a inteligência emocional é uma componente essencial para sermos capazes de construir uma vida com sucesso e significado. Ter uma boa inteligência emocional significa que somos capazes de reconhecer as nossas emoções e de lidar com elas da melhor forma. Quando isto não acontece podem surgir várias dificuldades de adaptação que poderão estar na origem de algumas perturbações, nomeadamente as ligadas à ansiedade e depressão. Assim, podemos afirmar que uma boa inteligência emocional contribui fortemente para uma boa saúde mental e deverá estar na base de qualquer programa de prevenção nesta área.
Na verdade, a inteligência emocional, de acordo com a esmagadora maioria dos resultados das investigações mais recentes, tem estatisticamente uma relação bastante mais significativa com a capacidade de termos sucesso e satisfação com a vida do que o Q.I. – o quociente de inteligência – que, durante várias décadas foi considerado uma variável fundamental para o sucesso.
O conceito de Inteligência Emocional é ainda relativamente recente e, talvez por isso, ainda continuamos a ver que nas escolas em geral são muito mais valorizadas todas as atividades que estimulam o Q.I – atividades intelectuais, cognitivas ou racionais, sendo esta a forma como avaliamos os estudantes e as crianças, com base nas aptidões mais cognitivas, desvalorizando o desenvolvimento de uma inteligência mais emocional.
Na sociedade portuguesa a prevenção na área da saúde mental ainda não tem sido suficientemente valorizada e os números mostram que, talvez por isso mesmo, temos uma população com altos níveis de perturbações ligadas à ansiedade e depressão e com um consumo demasiado elevado de ansiolíticos e antidepressivos, com todos os custos de saúde pública que sabemos que isso implica. Temos também um número assustadoramente elevado de crianças medicadas para problemas de aprendizagem ou dificuldades de comportamento.
Estes são sinais inequívocos de que é fundamental que sejamos capazes de começar a intervir o mais cedo possível com programas que ajudem a construir uma melhor saúde mental. E é muito importante que esses programas se dirijam às crianças porque sabemos que é na infância que ficam estabelecidas as bases através das quais iremos formar a nossa forma de lidar com o mundo e com as nossas próprias emoções.
Para formarmos seres humanos com uma verdadeira capacidade de construírem vidas cheias de realização pessoal e também para que possamos fazer com que a sociedade acompanhe os desenvolvimentos científicos é necessário que a inteligência emocional passe a ser mais valorizada e reconhecida no nosso sistema de ensino.
Assim, o Grupo Municipal do PAN propõe que a Assembleia Municipal de Lisboa, na sua Sessão Ordinária de 16 de janeiro de 2018, delibere que a Câmara Municipal de Lisboa desenvolva nas escolas um programa que dote os professores e educadores de ferramentas na área da Inteligência Emocional, nomeadamente: reconhecer as emoções à medida que vão surgindo em diferentes contextos; saber nomeá-las e aprender a lidar com elas da melhor forma.
Lisboa, 16 de janeiro de 2018,
Pessoas – Animais – Natureza
(GM PAN)
Miguel Santos
Inês de Sousa Real
(Deputados Municipais)