EleiçõesParlamento AçorianoRegionaisRegionais Açores 2020Saúde e Alimentação

PAN/Açores defende investimento na Saúde com verbas destinadas à Pecuária

Porta-voz do PAN Açores Pedro Neves em reunião com o Provedor do Utente da Saúde

O tempo de espera para consultas e para cirurgias é a queixa mais comum recebida pelo Provedor do Utente da Saúde, Doutor Carlos Arruda, conforme explicado em audiência com o Porta-voz do PAN/Açores, Pedro Neves, esta manhã na Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel. A tutela precisa de mais verbas para fazer face a estes problemas e o PAN/Açores quer transferir parte do orçamento destinado à Pecuária para a Saúde.

“O problema de listas de espera para consultas e cirurgias arrasta-se há anos, estando a agravar-se de ano para ano com a falta de médicos especialistas, porque não há bons incentivos para que os médicos venham para a região trabalhar”, afirma o Provedor do Utente da Saúde Doutor Carlos Arruda. “A falta de médicos nas especialidades de Anestesia, Pediatria, Obstetrícia e Ortopedia é uma realidade que a assola a nossa região”, lamentou o responsável, a quem o Governo Regional não lhe  e atribuiu nenhum gabinete para trabalhar e receber os utentes.

Para Pedro Neves, a Saúde carece de falta de investimento da parte do Governo, que dá pouca importância ao sector. “Entre 2016 e 2020, o Governo Regional despendeu 300 milhões de euros para a Pecuária, enquanto a Saúde recebeu apenas 200 milhões de euros. Isso é manifestamente insuficiente, porque ainda existem perto de 10.000 pessoas sem médico de família e mais de 12 mil pessoas à espera de cirurgia, dados estes anteriores à crise do surto de Covid-19”, acusa. Ao mesmo tempo, a lista de espera das consultas também continua a aumentar de dia para dia, impedindo milhares de Açorianos de cuidarem da sua saúde.

Nestas eleições regionais, o PAN/Açores apresenta medidas concretas e estratégicas para conseguir, de forma gradual, colmatar estes problemas. Relativamente à falta de médicos especialistas, precisamos de criar condições para fixar estes profissionais nos Açores que sejam verdadeiramente compensatórias. Para tal, o PAN propõe criar medidas de incentivo de fixação de especialistas ao nível de logística e plano de carreiras, criar condições para formação contínua e fomentar a regulamentação específica de período de férias para os Açores e mesmo para a contagem para a idade de reforma, bem como criar estímulos à fixação profissional dos cônjuges fora da carreira médica, a par da criação de incentivos à dedicação exclusiva no Serviço Regional de Saúde, a melhoria em algumas áreas carenciadas dos protocolos vigentes com as instituições continentais, para facilitar deslocações à Região, e uma maior responsabilização dos corpos de direcção das instituições de saúde e maior autonomia administrativa e financeira.

Neste contexto, importa assegurar que os médicos açorianos não se sentem menorizados relativamente aos especialistas que vêm de fora, devendo também eles receber uma compensação.

Quanto às listas de espera, na área da cirurgia, consulta externa e Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, o PAN defende o desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à saúde, possibilitando a existência de uma rede uniforme de comunicação eficaz entre os sistemas informáticos médicos orgânicos de apoio à saúde, seja ao nível do registo clínico, como no plano dos meios complementares de diagnóstico, através da criação de um sistema que permita adicionar e consultar toda a informação imprescindível e atempada para melhor gestão dos serviços. Outra aposta deve ser a telemedicina, um sistema que proporciona o bem-estar e segurança dos doentes, muitas vezes impossibilitados de se deslocarem, e que pode representar uma poupança considerável ao erário público para a Região.

O PAN/Açores defende ainda a criação de um Centro de Simulação Médica Itinerante para programas de formação contínua dos profissionais de saúde e elementos da Protecção Civil, sobretudo nas ilhas sem hospital, alargando as competências dos médicos de família na área da urgência/emergência, com recurso ao e-learning e a sistemas de simulação médica. Paralelamente, queremos criar uma estrutura modular comparativa, incluindo uma contabilidade analítica, entre a região e os melhores referenciais nacionais e internacionais para que os serviços prestados possam ser certificadamente aferidos, visando uma melhoria contínua na prestação dos mesmos.