Lisboa

Voto de Pesar pelas espécies em risco de extinção e já extintas

No final de março passado, morreu Sudão, o último rinoceronte macho branco, deixando a subespécie à beira da extinção. Restam em cativeiro duas fêmeas já de idade avançada.

Não resta nenhum exemplar na Natureza.

Até ao final do mês de abril, encontra-se em exibição no Porto a exposição fotográfica Photo Ark, na qual o fotógrafo da National Geographic, Joel Sartore, apresenta fotografias de algumas das cerca de 12 000 espécies em vias de extinção (aves, peixes, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados), com o objetivo de sensibilizar para a necessidade de preservar as espécies.

Um problema à escala mundial e que diz respeito a todas e todos nós.

Vários cientistas têm alertado para o facto de estarmos a assistir à sexta extinção em massa na história da Terra, sendo a causa da presente extinção a ação humana.

De acordo com Gerardo Ceballos[1], um dos vários cientistas que alertaram a Humanidade: “A vida selvagem está a desaparecer devido à destruição do habitat, à poluição, à invasão de espécies exóticas e às alterações climáticas. Mas a principal causa é a sobrepopulação humana, o crescimento populacional contínuo e o superconsumo”.

Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) o cenário não é menos dramático: a Terra tem hoje 25.821 espécies ameaçadas de extinção, e Portugal tem 338 espécies nesta lista, sendo 96 plantas e 239 animais. Se contarmos com categorias como “Informação Insuficiente” ou “Pouco Preocupante”, só a lista vermelha de plantas de Portugal chega às 633 espécies. E quanto a animais, Portugal tem nesta lista duas espécies já extintas, 70 Criticamente em Perigo, 53 Em Perigo e 116 Vulneráveis.

E se os países com mais espécies de animais ameaçadas são a Indonésia, Madagáscar, Índia, Malásia e as Filipinas, na Europa, Espanha é a líder desta tabela, onde um país está no topo por motivos negativos.

Portugal vem num pouco honroso 4º lugar[2]. Lobo-ibérico, lince-ibérico, águia-imperial-ibérica, abutre-preto e saramugo são apenas algumas das espécies em perigo de extinção no nosso País.

Em Lisboa, existe o registo de ocorrência de algumas espécies[3]cujo estatuto de ameaça é bastante preocupante segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal de 2008. O cágado-de-carapaça- estriada tinha o estatuto “Em perigo” assim como o Pato-negro, o Merganso-de-poupa, a Andorinha-do-mar-comum, o Goraz, a Águia-de-bonelli e a Coruja-do-nabal. Com estatuto “Vulnerável” estão registadas em Lisboa 3 espécies de mamíferos (Morcego-de-peluche, Morcego-de-ferradura-grande e Morcego-rato-grande) e 17 espécies de aves, como por exemplo, o Noitibó-cinzento, Perna-verde, Colhereiro, Açor, Falcão-peregrino, Felosa-das-figueiras e Chasco-ruivo, entre outras. Estes dados dizem respeito aos registos existentes até 2015 patentes no documento Biodiversidade na Cidade de Lisboa: uma estratégia para 2020, pelo que o estado actual destas e outras espécies é desconhecido.

Enquanto eleitas e eleitos pela população de Lisboa para a representar na Assembleia Municipal, de acordo com a legislação em vigor, cabe pronunciarmo-nos sobre assuntos de especial relevância para o Município.

A extinção de espécies é sem dúvida um desses assuntos de especial relevância para toda a Humanidade, para o planeta Terra, para o nosso País, para o nosso Município.

Assim, por proposta do Grupo Municipal do Pessoas -Animais – Natureza, a Assembleia Municipal de Lisboa, reunida a 24 de abril de 2018, ao abrigo do artigo 25.º, n.º 2, alínea k) do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, delibera:

  1. Manifestar o seu pesar pela ameaça de extinção que pesa sobre diversas espécies, colocando em causa a biodiversidade;
  1. Exprimir a sua condenação por todos os atos e omissões que colocam em risco de extinção as diversas espécies;
  1. Enviar o presente voto para as associações de protecção animal e ambiental.

Lisboa, 24 de abril de 2018

O Grupo Municipal

 Pessoas – Animais – Natureza

Miguel Santos                                                         
Inês de Sousa Real

(Deputados Municipais)

[1] http://www.pnas.org/content/114/30/E6089

[2] http://cmsdocs.s3.amazonaws.com/summarystats/2017-3_Summary_Stats_Page_Documents/2017_3_RL_Stats_Table_5.pdf.

[3] Biodiversidade na Cidade de Lisboa: uma estratégia para 2020 | Documento técnico in http://www.cm-lisboa.pt/fileadmin/VIVER/Ambiente/Biodiversidade/Estudos/Biodiversidade.pdf