Lisboa

Voto – Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação

O Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, foi declarado em 1994 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que assinalamos no dia 17 de Junho.

Este dia marca e apela à consciencialização e lembrando que o planeta é só um e os recursos naturais estão a escassear.

A falta de água poderá ser uma das maiores batalhas a nível ambiental do século, sendo irreversível.

O “vaso” de água doce já diminuiu drasticamente em 19 pontos críticos globais – da China ao Mar Cáspio – devido ao uso excessivo. É alarmante!

James Famiglietti, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, afirma que “o que estamos a viver é uma grande mudança hidrológica. Vemos pela primeira vez um padrão muito distinto das áreas húmidas do mundo ficando mais húmidas nas altas latitudes e nos trópicos e as áreas secas tornam-se mais secas ”.

Áreas no norte e no leste da Índia, no Oriente Médio, na Califórnia e na Austrália estão entre os pontos críticos onde o uso excessivo dos recursos hídricos causou um sério declínio na disponibilidade de água doce e que já está a causar problemas. Sem uma ação forte dos governos para preservar a água, a situação nessas áreas provavelmente piorará.

Uma região no noroeste da China, na província de Xinjiang, sofreu declínios dramáticos apesar de receber quantidades normais de chuva, devido ao esgotamento das águas subterrâneas da indústria e da irrigação.

O Mar Cáspio também mostrou fortes quedas devido a forças semelhantes, que resultam num encolhimento da costa. Causada em grande parte pelo desvio e extração de água dos rios que a alimentam para agricultura e indústria. A redução do litoral e a poluição causarão grandes problemas em toda a região fronteiriça.

No norte da Índia, a extração de água subterrânea para irrigação de lavouras como trigo e arroz causou um rápido declínio na água disponível, apesar das chuvas serem normais durante o período estudado.

No Iraque e na Síria, a dependência excessiva da água subterrânea resultou da construção, pela Turquia, de 22 represas nos rios Tigre e Eufrates, nas últimas três décadas. Isso fez da área a maior causa, fora regiões escassas ou desabitadas como a Antártida e a Groenlândia, com recursos hídricos quase um terço abaixo de seu estado normal.

Jonathan Farr, analista sénior de políticas da instituição de caridade WaterAid, refere que os governos devem tomar nota das descobertas e aumentar o seu papel na preservação dos recursos hídricos e fornecer água potável para as pessoas de maneira sustentável. “Estamos a resolver a questão do problema de obter acesso aos recursos hídricos desde o início da civilização. Nós sabemos como fazer. Nós só precisamos administrá-lo e isso tem que ser feito em nível local ”.

Ter acesso a água limpa é benéfico, como todos sabemos, para a saúde, a educação, a economia e a equidade, acrescentou, de modo que o investimento em ativos de água produz dividendos económicos e sociais.

A desertificação dos solos é um problema ambiental no mundo inteiro e todos nós podemos erradicar, sendo mais responsáveis, conscientes e respeitadores do meio ambiente e dos seus recursos naturais. Com o aumento do aquecimento global continuará a ser permitidos os avanços das alterações climáticas, que temos vindo a assistir. É urgente travá-las, é necessário que as intervenções de mitigação por parte dos governos e de nós, os próprios governadores do planeta para sua conservação.

A  desertificação do solo é um problema nosso, é ambiental, de todos.

Globalmente as indústrias, nomeadamente a pecuária, são um grande fator, senão mesmo o principal, entre outros fatores. Há uma urgência de mudança.

Por cá, por Portugal, há cerca de uma semana que estamos a viver a crédito ambiental. No passado dia 16 foram esgotados os recursos naturais renováveis de 2018, ou seja, já estamos a usar meios que só deveríamos usufruir a partir de 2019.

Além de que, devemos ter atenção, ao que entrou em vigor em 2016, a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”.

A Agenda comporta 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e pretende conjugar os principais desafios que a Humanidade enfrenta nas várias dimensões do desenvolvimento sustentável (social, económico e ambiental), através da concretização de 169 metas até 2030. É dado especial enfoque à necessidade de transformação do actual modelo de produção e consumo, de forma a garantir a sustentabilidade do desenvolvimento das sociedades.

Assim, por proposta do Grupo Municipal do Pessoas -Animais – Natureza, a Assembleia Municipal de Lisboa, reunida a 26 de junho de 2018, ao abrigo do artigo 25.º, n.º 2, alínea k) do Anexo I da Lei n.º 75/2013, delibera:

  1. Saudar o dia declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas desde 1994;
  2.  Manifestar a consciência e a sensibilização perante este problema de seca e desertificação, colocando em causa a biodiversidade, a saúde, a educação, a economia e a equidade;
  3. Enviar o presente voto para as associações ambientais.

Lisboa, 26 de junho de 2018

Pessoas – Animais – Natureza

(GM PAN)

Miguel Santos                                                         
Inês de Sousa Real

(Deputados Municipais)