NaturezaOrçamento do Estado 2024

Criação de sistema nacional de recolha de resíduos volumosos

De acordo com dados da Agência Portuguesa do Ambiente, em 2020 foram produzidas em Portugal 5,279 milhões de toneladas (t) de resíduos urbanos (RU). Ainda que aquele valor represente menos 0,05% do que o registado no ano anterior, equivale a uma capitação anual de 512 kg/hab.ano, ou seja uma produção diária de 1,40 kg por habitante.

Por outro lado, foi um ano em que, em parte devido, possivelmente, à pandemia, houve um retrocesso na hierarquia dos resíduos, na medida em que, contrariamente ao que se vinha registando até 2019, em 2020 verificou-se um aumento da quantidade de resíduos encaminhada para aterro (64%). Do total de resíduos urbanos gerados nesse ano, 4,22% correspondem a resíduos volumosos, em que se incluem, por exemplo, móveis, colchões, sofás, loiças sanitárias e até eletrodomésticos (ainda que no caso destes últimos já exista um fluxo específico em funcionamento).

Em Portugal, não existe até à data uma política nacional para a recolha de monos ou monstros, verificando-se, somente, ações individuais por parte dos diversos municípios e/ou de associações privadas sem fins lucrativos. A ausência de uma orientação e política de âmbito nacional que estabeleça um regime que contribua, por um lado, para promover a reutilização de monos, sempre que possível, e, por outro, o aproveitamento circular de materiais e, logo, o desvio deste tipo de resíduos de aterro, tem contribuído para que muitos destes produtos em fim de vida acabem num aterro sanitário.

Dizem-nos, porém, estudos como o levado a cabo pela organização não-governamental de ambiente britânica WRAP que existe um potencial de reutilização de 36% entre os monos 1,6 mil milhões de toneladas que, em 2010/1 foram recolhidos nas bermas ou levados para centros de reciclagem de resíduos domésticos. O potencial de reutilização aumenta para 51%, se considerados os artigos que necessitam de ligeiras reparações.

Ou seja, estes dados vêm mostrar que os artigos volumosos levados para centros de reciclagem de resíduos domésticos são reutilizáveis. O PAN vem assim propor que o Governo, em 2024, desenvolva as ações necessárias com vista ao apuramento da situação nacional no que respeita à produção, recolha e encaminhamento de monos ou monstros.

Propõe ainda que o Governo proceda, através de regulamentação, à criação de um sistema nacional de recolha, com recurso a instrumentos financeiros como seja a fixação de uma tara retornável, como forma de incentivo à reutilização e circularidade de materiais, em linha, nomeadamente, com o previsto nas Diretiva (UE) 2018/851 e Diretiva (UE) 2018/850.