Agricultura, Mar e FlorestasAlterações ClimáticasLisboa

Recomendação para a introdução do “Prato Sustentável” nas Escolas de Lisboa rejeitada na Assembleia Municipal de Lisboa

Falemos de “Comida de Cantina” – quantos de nós guardam saudosas memórias da comida escolar?
Dezenas de anos volvidos e as crianças continuam a queixar-se da fraca qualidade do que lhes é servido. Como referido por um deputado júnior, na Assembleia Municipal das Crianças “Gostava que as batatas soubessem a …batatas!”


Falemos de saúde! No final de 2015, a Organização Mundial de Saúde, através da sua Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), classificou a carne vermelha como “possivelmente carcinogénica em humanos”, aconselhando ainda prudência no consumo de carne processada.


Neste estudo, que apresentou uma causa-efeito entre o consumo de carne processada e da carne vermelha e a probabilidade de desenvolvimento de um cancro, os investigadores concluíram também que a carne processada (vermelha ou branca) é carcinogénica (fiambre; salsichas; chouriço; presunto e carne enlatada).


Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde aconselha a redução do consumo de carne vermelha para valores até 500g/ semana, fundamentada na evidência científica reunida pela OMS e pela IARC.


Mais – de acordo com um estudo sustentado em 470.00 britânicos conduzido este ano da Universidade de Oxford, o risco de cancro associado ao consumo de carne vermelha em cinco dias da semana é 2% inferior em relação àqueles que a consomem em quantidade superior. Uma dieta baseada em peixe, diminui o risco em 10%. Já com uma alimentação vegetariana ou vegana a probabilidade desenvolver um cancro desce para 14%.


O risco associado ao cancro da próstata é 31% inferior para vegetarianos ou veganos; no género feminino, a exclusão de alimentos de origem animal reduz em 18% o risco de contrair cancro da mama.


Falemos de Ambiente! A Organização para Alimentação das Nações Unidas (FAO) estima que 26% da superfície terrestre corresponda a pastagem e que 80% das terras agrícolas a nível mundial sejam destinadas à produção de alimentos para alimentação animal.


À perda de biodiversidade, somam-se as emissões de carbono e metano, dois gases que contribuem para o efeito estufa libertados em elevadas quantidades pelos animais de pecuária. O sistema agroalimentar é responsável por mais de um quarto destas emissões — estando apenas um terço desse valor relacionado com o transporte e embalamento de alimentos.


Falemos de consciência coletiva!
No início deste ano, um relatório da WWF (World Wide Fund for Nature) que envolveu nove países revelou que 83% dos portugueses têm conhecimento que a escolha de alimentos sustentáveis constitui uma relevante solução para mitigação das alterações climáticas.


Também os resultados da Balança Alimentar Portuguesa de 2016-2020 evidenciaram que o contributo calórico médio da carne (diário) por habitante representou mais de quatro vezes o total de calorias recomendadas pela Roda dos Alimentos. Em suma, em Portugal consome-se quatro vez mais carne que o recomendado.

Se:

  • Os portugueses estão a consumir 4 vezes mais carne do que seria recomendável;
  • Reduzir o consumo, diminui a probabilidade de desenvolvimento de doenças graves e sem elas uma redução do impacto financeiro no SNS;

Porque não estamos a oferecer o melhor às nossas crianças?


Partilha-se o exemplo da prática adotada pelo Município de Albufeira que, em cooperação com a AVP – Associação Vegetariana Portuguesa, que assinou um protocolo de colaboração com o objetivo de promover a alimentação saudável e sustentável no concelho, através da implementação do programa “Prato Sustentável”, que pressupõe a introdução de uma refeição vegetariana semanal, para todos os estudantes.


A AVP ministra gratuitamente formação às/aos cozinheiras/os e/ou às empresas de catering para confeção de pratos sustentáveis, nutritivos e apelativos. Já o fez com a Gertal (Lisboa).


OS protocolos já celebrados com a AVP apresentam resultados impactantes e de grande sucesso.


Falemos do que o PAN defende! A celebração de um protocolo com a AVP, e consequente redução do consumo de carne vermelha e carnes processadas nas cantinas escolares da Lisboa. Uma redução com fundamento científico evidente, que premeia o ambiente e, acima de tudo, a saúde das crianças.


De acordo com o presidente da autarquia de Albufeira, José Carlos Rolo, esta solução foi “extremamente importante para ensinar os mais jovens a terem hábitos alimentares mais sustentáveis e para ajudarmos o Planeta”.

Dado o exposto, o Grupo Municipal do PAN, propõe que Assembleia Municipal de Lisboa, na sua sessão extraordinária de 26 de julho de 2002, delibere recomendar à Câmara Municipal de Lisboa:

1 – A introdução de um dia por semana de refeições vegetarianas nutricionalmente ricas nas Escolas Básicas, Creches e Jardins de infância da rede pública de Lisboa;
2 – Assinatura do protocolo do programa “Prato Sustentável” com a AVP – Associação Vegetariana Portuguesa;
3 – Dar conhecimento deste voto à AVP – Associação Vegetariana Portuguesa, à Gertal – Companhia Geral de Restauração e Alimentação e à Câmara Municipal de Albufeira na pessoa do seu Presidente.

Lisboa, 26 de julho de 2022,

O Grupo Municipal
do Pessoas – Animais – Natureza

António Valente

(DM PAN)